A maioria dos brasileiros que vão para a Argentina conhece sempre os mesmos lugares. Lugares que ficaram tão cheios de brasileiros que argentinos e turistas de outras nacionalidades não passam nem perto. É o famoso
tumulto calor brasileiro espantando gente do mundo inteiro.
O roteiro básico do nosso povo na Argentina:
-Almoçar no Siga la Vaca
-Lanchar no Café Tortoni
-Entrar, tirar fotos e não comprar nada na livraria El Ateneo
-Comprar vinhos secos pra depois beber com açúcar.
-Bater perna o dia todo para comprar coisas bregas da Nike e da Puma na Rua Florida
-Jantar no
Hard Rock e achar bom o preço da carne mais cara do país.
Os brasileiros também fazem o famoso turismo de bairros e monumentos pela capital portenha:
-Passear pela Recoleta e ir em seu famoso cemitério.
-No microcentro, tirar fotos em meio aos pombos gordos em frente à Casa Rosada e ao Obelisco.
-Percorrer os diques de Puerto Madero, bairro praticamente ignorado pelos portenhos.
-Comprar velharias na feira de San Telmo.
Além, é claro, do turismo por baladas, festas e sinônimos de agito.
-Badalar por Palermo e suas derivações criadas pela especulação imobiliária: Palermo Soho, Palermo Hollywood, Palermo Viejo, Palermo Chico, Alto Palermo etc.
-Virar a noite na
Pachá (que agora parece se chama "Club Land", onde pré-adolescentes de todo o planeta se espremem de óculos coloridos em um calor intenso.
-Aproveitar os poucos dias na capital dos hermanos pra matar a saudade do Brasil na boate Maluco Beleza.
A exploração do turista continua (entenda como quiser).
O mais longe que a massa tupiniquim se arrisca a ir é até a cidade de
Tigre, conhecida
por argentinos arrogantes no mundo inteiro como a "Veneza Argentina", por causa do delta. Basicamente, um encontro de pequenos rios, similar a um mangue, onde construíram cassinos, restaurantes e toda uma estrutura para receber os
otários incansáveis turistas brasileiros. O passeio é até interessante, mas não vale as centenas de pesos a que é vendido em pacotes nas agências de turismo. Com 30 pesos você pode ir e voltar de trem, por conta própria, sem alimentar a máfia da indústria do turismo.
Quase me esqueci do
TANGO, que os argentinos só continuam a dançar pra vender pacotes em apresentações turísticas. O
Senhor Tango, por exemplo, que é um senhor negócio, faz de inflacionada venda casada de pacotes uma máquina de dinheiro.
Imagine o contrário: um teatro no meio da cidade do Rio de Janeiro, cheio de pompa, paredes aveludadas e mesas postas com quilos de feijoada. Num palco, mulatas saradas e cuícas luxuosas, tocando um samba pra inglês ver.
Pois é, no caso da Argentina, os ingleses trouxas somos nós. E não porque eles são malandros em tudo e ficam passando a perna nos incautos, mas por mera tolice preguiçosa dos turistas que seguem o CVC way of travel, engessados e limitados.